Cultura alimentar do Pantanal é tema de Oficina do Gosto  no Terra Madre Brasil 2020

Cultura alimentar do Pantanal é tema de Oficina do Gosto no Terra Madre Brasil 2020

Aula de cozinha e bate-papo revelam a história e as tradições do bioma 

O bioma Pantanal é conhecido pela rica biodiversidade e também por sua forte cultura alimentar a partir da utilização dos ingredientes locais. Os sabores pantaneiros, baseados na tradição dos povos que ocuparam a região em diferentes períodos, ganham destaque especial durante o evento Terra Madre Brasil 2020.  

A Oficina do Gosto do Bioma Pantanal acontece no dia 18 de novembro, às 13h30, e trata a importância da conservação de alimentos como caju, guavira, queijo Nicola, carne orgânica do Pantanal, baru (chamado localmente de cumbaru) e a farinha de Anastácio. Grande parte desses alimentos integra a Arca do Gosto, que cataloga alimentos da biodiversidade em 160 países do mundo que correm risco de desaparecimento.  

A atividade é dividida em dois momentos: os internautas assistem à aula de culinária com o cozinheiro Paulo Machado, autor do livro Cozinha Pantaneira. Paulo ensina o passo-a-passo do macarrão de comitiva: receita tradicional das fazendas do Pantanal. Nesta versão, o cozinheiro substitui a carne seca pelo caju. O encontro online proporciona o público a mergulhar na história dos povos que formam o mosaico identitário sul-mato-grossense.

Paulo Machado se sente realizado e orgulhoso de representar o Pantanal durante o Terra Madre Brasil 2020. “É uma forma de mostrar um pouco dessa região do país que acabou sendo tão falada durante esse ano por conta das queimadas, mas que poderia ser reconhecida também por suas belezas, riquezas da fauna e da flora local e pela diversidade de alimentos. É um bioma importante do nosso país que precisa ser preservado para as futuras gerações”.

Desde 2013, o cozinheiro realiza o Food Safaris, projeto de expedições gastronômicas que promovem uma profunda imersão na cultura alimentar de cada cidade ou país pela qual passa, incluindo receber um público interessado em conhecer mais sobre as raízes da culinária pantaneira.

“A identidade gastronômica pantaneira mora na simplicidade das coisas, no saber fazer um prato no fogão à lenha com tempo de cozimento, sabedoria, técnicas antigas e ingredientes locais. Todas essas características têm a ver com simplicidade do homem do campo, do pantaneiro. Isso está ligado ao saber ancestral, incluindo o indígena. Os primeiros pantaneiros aprenderam a respeitar a natureza e precisamos continuar nesse caminho”, diz o cozinheiro, que passou a infância visitando fazendas do Pantanal ao lado do pai nos municípios de Aquidauana, Miranda e Nhecolândia.  

Após a aula de culinária, acontece um bate-papo com Jairo Arruda, presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais da Região do Pulador de Anastácio (Copran),  constituída por migrantes nordestinos que cultivam mandioca e fabricam a tradicional farinha de Anastácio, na cidade homônima, no Mato Grosso do Sul, que faz parte  do catálogo Arca do Gosto. O bate-papo conta com a mediação da jornalista Sara Campos, ativista do Slow Food Brasil e coordenadora da Cajuí Comunicação Digital, agência de comunicação especializada em agricultura familiar. 

“A farinha de Anastácio não é só um produto alimentar. É um produto representativo da luta dos migrantes nordestinos aqui nessa região. Nossa expectativa é mostrar o seu valor identitário a agricultores de todo o Brasil e darmos a projeção nacional que a história dessas casas de farinha merece”, ressalta Jairo.

A partir deste fim de semana será possível fazer a pré-inscrição para participar desta Oficina do Gosto e de muitas outras pelo site terramadrebrasil.org.br A inscrição é gratuita permite receber a lista de ingredientes que serão utilizados por diversos cozinheira/os, e aprender novos preparos e receitas próprias da cultura alimentar brasileira. 

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